O SISAP – Sistema de Apoio à Determinação da Aptidão Cultural é um Programa desenvolvido pela EDIA e pelo Departamento de Agricultura do Instituto Superior de Agronomia com o objetivo de organizar toda a informação e métodos relevantes para a determinação da aptidão cultural da área de influência de Alqueva, associada à sustentabilidade ambiental e à rentabilidade económica.

A aptidão (técnica, económica e ambiental) para uma ou mais culturas, é estabelecida de acordo com uma chave de classificação em quatro classes: aptidão nula, aptidão reduzida, aptidão moderada e aptidão elevada.

A zona de atuação deste programa situa-se no Alentejo (predominantemente nos distritos de Beja e Évora) cobrindo uma área de cerca de 920 000 hectares.

Com base nos resultados deste programa é possível, identificar as parcelas que têm uma melhor aptidão técnica, económica e ambiental para uma determinada cultura.

Este programa pode, igualmente, ajudar na escolha da localização de potenciais unidades agroindustriais, uma vez que está ligado a um Sistema de Informação Geográfico, permitindo-lhe relacionar a aptidão cultural com uma série de outros parâmetros importantes para esta análise.

» Informação de Base
O SISAP utiliza como informação de base as cartas de solos e de declives, dados meteorológicos e os requisitos específicos de cada cultura.

Solos
A informação referente aos solos tem por base a carta de solos padrão existente para o sul do Tejo na generalidade, digitalizada à escala de 1:25000 (IDRHA, Lisboa).

Cada solo é caracterizado através da descrição de um perfil. Os parâmetros que são considerados como requisitos de culturas são o pH, a espessura efetiva, a condutividade, a textura e o hidromorfismo.

Declives
No tratamento do declive foi usado um Modelo Digital de Elevação de malha de 10m, a partir do qual foram gerados dois modelos vetoriais: um modelo vetorial de malha de 20m, utilizado na maioria do perímetro, e um modelo de 50m nas áreas onde a complexidade do terreno exigia alguma generalização.

Para a área de regadio de Alqueva, bem como a sua área adjacente, é usada a malha de análise de 20 metros, o que proporciona um elevado rigor de análise, mesmo a escalas relativamente grandes.

Na área situada a norte do regadio da área de Alqueva, essencialmente no distrito de Évora, o terreno é bastante mais acidentado, e sendo o SISAP um modelo de base vetorial, não foi possível usar a mesma malha de análise de declives que foi usada para as restantes áreas, devido à complexidade de geometria que geraria. Foi então usada a malha de 50m, em vez de 20m, o que, ainda assim, é suficiente para a aderência a uma escala razoável.

Dados Meteorológicos
A abordagem utilizada para o tratamento da informação meteorológica foi a das áreas de influência, estando para cada local, referenciada uma estação meteorológica representativa. Esta hipótese é simplista, porque parte do pressuposto que a estação meteorológica em causa é representativa do local, não entrando em linha de conta com os microclimas, mas permite o tratamento estatístico das variáveis meteorológicas.

Os parâmetros a utilizar no SISAP existentes nas estações meteorológicas são as temperaturas mínimas e geadas, integrais térmicos e precipitação.

No que diz respeito às horas de frio, do contacto com especialistas na área frutícola, constatou-se que a informação a utilizar teria como base a carta geográfica com o número de horas com temperatura abaixo de 7ºC, de Outubro a Fevereiro (mediana) existente em – “A meteorologia ao serviço da fruticultura”, de Casimiro Mendes, J. (1983), editada pelo então Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica.

Contas de cultura (Orçamento de Atividades)
Para a elaboração das contas de cultura, procuraram-se estabelecer os itinerários técnicos utilizados mais frequentemente na região, para os sistemas produtivos em causa. A elaboração destas contas de cultura foi realizada recorrendo a informação proveniente do Gabinete de Planeamento do Ministério da Agricultura, a qual foi aperfeiçoada tendo por base informação prestada por agricultores locais. No caso de culturas exóticas, procurou-se recorrer a informação proveniente de regiões com características similares, onde estas culturas são praticadas.

Preços de Produtos e Fatores de Produção
Para o desenvolvimento do ponto anterior é necessário, para um determinado ano em causa, fazer o levantamento dos diversos preços de produtos e fatores de produção, o que é realizado recorrendo, essencialmente a casas comerciais, prestadores de serviços e informação estatística existente.

Balanços energéticos e de carbono das diferentes culturas
Tendo como base o itinerário técnico estabelecido para cada uma das culturas foi possível elaborar o balanço energético e de carbono.

O balanço de energia das atividades é essencialmente um rácio entre a energia contida na produção útil e a energia consumida no esforço de produção. Em denominador temos então uma contabilização de toda a energia consumida, direta ou indiretamente, para que a atividade se complete: não só em consequência dos combustíveis utilizados na área de produção, mas a estimativa da energia necessária à produção de cada um dos fatores empregues, quer se trate das máquinas em si, de fertilizantes, de fitofármacos, ou mesma da mão-de-obra. Em numerador temos a energia contida na produção útil dentro do período de análise considerado.

O balanço de carbono das atividades é essencialmente um rácio entre o carbono capturado nos materiais vegetais produzidos e o carbono emitido no esforço de produção. Em denominador temos uma contabilização de todo o CO2 emitido, direta ou indiretamente, para que a atividade se complete, considerando todos os fatores empregues.

Requisitos das culturas
Para cada cultura existem requisitos específicos a nível de solos, clima e declives que são decisivos para a determinação da sua aptidão.

Considera-se “requisito” um conjunto de limites definidos para uma variável. Para cada variável são registados intervalos que vão do excelente até à aptidão nula.

» Resultados
Nesta área pode simular o funcionamento e os resultados do SISAP – Sistema de Apoio à Determinação da Aptidão Cultural, para um conjunto de cinco culturas em 18 concelhos da área de influência do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva.
Para a determinação da aptidão de culturas utiliza-se o método do fator mais restritivo, ou seja, o parâmetro mais desfavorável para uma cultura vai ser decisivo para a classificação da respetiva área.

» Aplicações
O SISAP pode ser utilizado a diversos níveis, desde a exploração agrícola até ao grupo empresarial que pretenda, por exemplo, instalar na região uma unidade transformadora. Os resultados podem ser cruzados com outro tipo de informação.

Ao nível da exploração agrícola, podemos utilizar ortofotomapas com a delimitação cadastral, como informação de base e sobrepor a carta de solos ou a carta de declives.

Ao cruzarmos toda a informação, obtemos a carta de aptidão da cultura selecionada sobre o ortofotomapa.

A existência de ortofotomapas como base permite, entre outras vantagens, comparar os resultados obtidos com a ocupação cultural atual.

Esta informação pode-se revelar útil a vários níveis como, por exemplo, na gestão de uma exploração agrícola, no planeamento, em avaliações prediais, entre outras aplicações.
O SISAP permite igualmente, para uma determinada cultura, a realização do balanço de carbono medido através da sua eficiência, como se verifica utilizando o exemplo da carta de aptidão para a cultura do milho:
Ao nível de grupo empresarial, é possível determinar qual a melhor área, por exemplo, para instalação de uma unidade  de transformação, fazendo o cruzamento de dados de aptidão agrícola com vias de comunicação ferroviárias e rodoviárias que garantam a respetiva distribuição.

Faça AQUI a simulação