MEXILHÃO-ZEBRA, um minúsculo invasor com gigantes riscos

01/03/2023

A invasão pelo Mexilhão-zebra progride na Península Ibérica, atravessando bacias hidrográficas à boleia dos equipamentos humanos
A colonização de bacias hidrográficas em Espanha por Mexilhão-zebra (Dreissena polymorpha) iniciou-se pela bacia do rio Ebro, no nordeste da Península Ibérica, em 2001, tendo a dispersão da espécie seguido para sul, cruzando várias bacias hidrográficas devido a ação humana. Na bacia hidrográfica do Guadalquivir, adjacente à bacia hidrográfica do Guadiana, os primeiros indivíduos de Mexilhão-zebra foram detetados em 2009 e, posteriormente, em 2012, numa segunda albufeira. De 2015 a 2019, foram reveladas novas populações em diversas albufeiras. Em Espanha os prejuízos causados pelo Mexilhão-zebra estão estimados em mais de 40 milhões de euros, desde 2006, valor que aumenta exponencialmente a cada ano.

Deteção precoce de Mexilhão-zebra em Alqueva
A EDIA implementou um sistema de deteção precoce em dezenas de albufeiras do EFMA. Esta medida permitiu detetar precocemente a primeira ocorrência nacional documentada, em 2019, num reservatório do EFMA na bacia Hidrográfica do Sado, a qual foi combatido energeticamente pela EDIA, seguindo protocolos de desinfeção e eliminação em todos os locais para onde já se tinha dispersado, tendo sido possível eliminar, até à data, a espécie no local da primeira deteção e impedir a sua propagação para outras áreas da bacia do Sado e bacias adjacentes.

Contudo, a reduzida quantidade de medidas preventivas a nível nacional e a elevada quantidade de vetores de dispersão, como embarcações, atrelados, equipamentos de pesca ou lúdicos, entre outros, resulta na contínua disseminação desta espécie invasora, de este para oeste, ao longo da Península Ibérica, estando iminente a colonização de novas áreas em Portugal.

Projeto Ação Z – Controlo e Erradicação de Mexilhão-zebra no EFMA
Neste âmbito a EDIA, em parceria com a APA, Agência Portuguesa do Ambiente, desenvolveu o projeto Ação Z – Controlo e Erradicação de Mexilhão-zebra no EFMA, financiado pelo Fundo Ambiental Português, com um conjunto de ações de monitorização e controlo da espécie, mas também com algumas ferramentas de sensibilização para a temática das invasoras, entre as quais se destaca uma área no site da EDIA destinada especificamente às espécies invasoras e o filme que agora se publica, no qual se transmite a importante mensagem de que todos podem colaborar neste difícil combate a um inimigo quase invisível.

De referir que, a riqueza dos ecossistemas naturais reside na sua biodiversidade nativa e na forma como estes elementos moldaram aquele sistema natural ao longo dos tempos. Contudo, este equilíbrio é frágil e a entrada de uma ou mais novas espécies, com características invasoras, pode afetar este equilíbrio entre espécies e alterar o ecossistema nativo, por vezes de forma irreversível.

Para além dos impactos ecológicos das espécies invasoras, a sua rápida capacidade colonizadora provoca múltiplos efeitos negativos, ao nível social e económico, direto ou indireto, podendo interferir com as atividades principais e secundárias realizadas, incluindo a degradação de estruturas que dependam dos recursos afetados.

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