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Investigadores testam cereais para salvar o tartaranhão-caçador e aumentar produção

26/03/2025

Investigadores do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) estão a realizar ensaios de seleção de variedades de cereais para escolher aquelas que mais se adaptam ao ciclo reprodutivo do tartaranhão-caçador e às regiões onde são cultivadas, com o objetivo de salvar esta espécie ameaçada da extinção iminente e aumentar a produção cerealífera nacional, aliando a conservação da natureza ao fomento da agricultura.

Desenvolvidos no âmbito do projeto LIFE SOS Pygargus – Ações urgentes de conservação das populações de tartaranhão-caçador em Portugal e Espanha, coordenado pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, estes ensaios envolvem ainda a Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), parceiras do projeto.

Primeira campanha de ensaios já arrancou
A primeira campanha de ensaios de seleção das variedades de cereais arrancou em dezembro de 2024, na Quinta do Valongo, em Mirandela (pertencente ao Polo de Inovação de Mirandela da CCDR-N), em Trás-os-Montes, num total de 20 variedades testadas das espécies trigo mole, trigo barbela, centeio, aveia e triticale. As mesmas variedades também estão a ser testadas em ensaios no Polo de Inovação de Elvas do INIAV, no Alentejo.

Os ensaios visam selecionar as variedades daqueles cereais mais adaptadas ao ciclo reprodutivo do tartaranhão-caçador, mais ajustadas ao clima da região onde são cultivadas e mais resilientes às alterações climáticas, bem como resistentes a doenças, sendo por isso mais produtivas e também com maior valor nutricional.

Variedades de colheita mais tardia são essenciais para salvar a espécie
O tartaranhão-caçador (Circus pygargus) é uma ave migratória em elevado risco de extinção, que, vinda de África, permanece em Portugal entre março e setembro. A sua população diminuiu 80% nos últimos dez anos. Nidifica no solo, sobretudo em campos agrícolas com cereais e forragens, e, cada vez mais, a ceifa, em particular para feno, coincide com o seu período reprodutor.

Todos os anos, diversos fatores ameaçam a espécie, causando a mortalidade e/ou uma grande redução do sucesso da reprodução, colocando em risco a sua sobrevivência em Portugal e Espanha. Um fator importante é a perda de habitat, devido ao declínio acentuado da área semeada com cereais e a sua substituição por culturas permanentes, ou outros tipos de uso do solo, como a construção de infraestruturas. A substituição das áreas de cereal por forragens e as alterações climáticas aumentaram significativamente as atividades de ceifa durante o período de nidificação, com forte impacto nos casais reprodutores por destruição dos ninhos e aumento das taxas de predação.

Quanto mais tardia for a colheita de cereais, maior probabilidade as crias de tartaranhão-caçador terão de vingar e sobreviver, contribuindo para salvar a espécie. Esta será, por isso, uma característica fundamental a apurar na seleção das variedades.
“O futuro do tartaranhão-caçador está fortemente ligado à sustentabilidade do cultivo de cereal, depende da nossa capacidade de conciliar agricultura e conservação, criando valor para ambas. Escolher cereais que respeitem o ciclo de vida desta espécie não é apenas salvar o tartaranhão, é promover paisagens agrícolas mais biodiversas e sustentáveis para todos, com uma valorização de práticas amigas das aves e dos consumidores”, destaca o biólogo Joaquim Teodósio, coordenador do projeto.

Melhoramento e seleção genética
As diferentes variedades de cereais testadas, todas de origem nacional, são provenientes do Programa de Melhoramento Genético de Cereais do INIAV. Este programa baseia-se em cruzamentos direcionados e controlados, os quais são realizados no campo entre germoplasma de uma mesma espécie de cereal, selecionando aqueles genótipos que reúnam as características pretendidas, as quais são posteriormente avaliadas e validadas por seleção genética em campo.

“É importante salientar que, neste tipo de cereais, pertencendo a espécies autogâmicas, não existe polinização cruzada, ou seja, uma das metodologias usadas para promover a variabilidade genética, essencial num programa de melhoramento genético, são os cruzamentos artificiais induzidos. Ao cruzarmos indivíduos dentro da mesma espécie promovemos a recombinação, a seleção dos melhores genótipos e o melhoramento genético, obtendo, desta forma, novas variedades com características superiores às existentes. De referir que, neste tipo de melhoramento, não há edição ou modificação de genes, apenas recombinação e seleção dos genótipos que melhor cumprem os requisitos pretendidos”, explica Rita Costa, investigadora do INIAV.

Criar uma organização de produtores de cereais no Norte do país
O projeto quer incentivar o cultivo das variedades de cereais selecionadas no norte do país, impulsionando a produção cerealífera nacional, ao mesmo tempo que se protege o tartaranhão-caçador, espécie que tem, nessa região, uma área vital. Com este propósito, a ANPOC pretende criar uma organização de produtores de cereais no Norte, a qual será fundamental para alavancar o setor e promover a segurança alimentar, aumentando a oferta nacional desta matéria-prima essencial.
“Uma das particularidades mais notáveis deste projeto é o facto de responder, de forma integrada, aos três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e económica. A criação de uma Organização de Produtores a Norte do país é peça fundamental para este efeito, pois permitirá agrupar os agentes agrícolas, criar escala e potenciar negócios que fomentem eficazmente a produção de cereais na região. Unir agricultores e desenvolver trabalho em fileira, desde a produção à comercialização, sem esquecer a investigação, é crucial para sustentar o projeto a longo prazo”, refere Astride Sousa Monteiro, diretora executiva da ANPOC.

Cereais direcionados para a produção de pão com valor acrescentado
Os cereais cultivados, trigo e centeio, são utilizados para produzir pães diferenciados e de valor acrescentado para as lojas Continente. Estes produtos têm um papel importante na sensibilização dos consumidores sobre o tema da biodiversidade. O Clube de Produtores Continente é um parceiro chave deste projeto, empenhado na oferta de pão produzido a partir de cereais nacionais provenientes de searas com biodiversidade e que garantem a conservação de espécies em risco, como é o caso do tartaranhão-caçador.

“Este projeto resulta de um consórcio multidisciplinar e permite-nos salvaguardar uma espécie que sabemos estar em vias de extinção. Seja através da seleção das melhores variedades e da partilha de condutas adequadas junto dos produtores, procuramos alinhar estas boas práticas às necessidades do mercado e dos nossos clientes, oferecendo um pão produzido a partir de cereais nacionais provenientes de searas monitorizadas para proteger o tartaranhão-caçador”, afirma Ondina Afonso, presidente do Clube de Produtores Continente.

Alargar o cultivo de variedades selecionadas a Espanha
O LIFE SOS Pygargus tem como território de intervenção as principais áreas de distribuição da espécie na Península Ibérica. Nesse sentido, também é fundamental que se encontrem soluções para aumentar a área cultivada com cereais amigos do tartaranhão-caçador na raia luso-espanhola, contribuindo para ampliar o habitat para a nidificação e melhorar a sobrevivência das crias, bem como reduzir a mortalidade da espécie. Para tal, será fundamental o papel desempenhado pela Consejeria de Agricultura, Ganaderia y Desarrollo Sostenible – Junta de Extremadura, em Espanha, igualmente parceira do projeto, que irá trabalhar no sentido de incentivar o cultivo destes cereais nessa região espanhola, em sinergia com o LIFE Agrosteppes e o Centro de Investigaciones Científicas y Tecnológicas de Extremadura (CICYTEX).

“Os responsáveis técnicos do projeto da Junta de Extremadura consideram que o LIFE SOS Pygargus, que combina a conservação de espécies ameaçadas, como o tartaranhão-caçador, com a preservação do meio agrícola e dos sistemas agrícolas, além da melhoria e incentivo do cultivo e produção de cereais, é fundamental. Isto porque, além de garantir o futuro da espécie, também tem um impacto positivo na manutenção da população rural e do meio agrícola”, afirma María Jesús Palacios, responsável pelo Departamento de Vida Silvestre da Junta de Extremadura.

Sobre o projeto
O projeto LIFE SOS Pygargus une conservacionistas, cientistas, agricultores e entidades públicas e privadas, num total de 18 parceiros a nível ibérico, com o objetivo de salvar o tartaranhão-caçador da extinção em Portugal e na parte ocidental de Espanha. Aprovado pelo Programa LIFE da União Europeia (UE), tem um orçamento de quase 11 milhões de euros, 75% dos quais financiados pela UE. Conta ainda com cofinanciamento da Light Source BP e do Fundo Ambiental. Será implementado no período 2024-2030.

Além da Palombar, INIAV, ANPOC, CCDR-N, MC Shared Services SA e Modelo Continente Hipermercados SA, são parceiros a Associação BIOPOLIS-CIBIO, AEPGA – Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino, EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva SA, ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, LPN – Liga para a Protecção da Natureza, SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vita Nativa – Conservação do Ambiente, AMUS – Acción por el Mundo Salvaje, Junta de Extremadura, GREFA – Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat e Universidad de Murcia.

Estudo de Avaliação do Impacto Económico de Alqueva apresentado em Beja

25/03/2025

O Estudo de Avaliação do Impacto Económico da Implementação do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva foi  apresentado no dia 25 de março, no auditório da EDIA, em Beja, num evento que contou com a presença do Ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento e do Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes.

O Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva (EFMA) assenta no conceito de fins múltiplos e na gestão integrada da sua reserva estratégica de água, apresentando-se como um projeto estruturante no sul de Portugal e um investimento âncora no Alentejo, cuja principal finalidade é viabilizar e promover o desenvolvimento regional nas suas vertentes económica, ambiental e social.

As valências do projeto não se concentram apenas na agricultura, atualmente com uma área em exploração de 130 000 hectares, mas também no abastecimento público de água, na produção de energia hidroelétrica em modo reversível, complementado por centrais fotovoltaicas em terra e flutuantes, no desenvolvimento de atividades turísticas e na preservação do território e do ambiente.

O estudo teve como objetivo compreender os efeitos estruturantes da implementação do EFMA na economia local e nacional, analisando os benefícios gerados de forma holística, considerando as diferentes fases do projeto e os efeitos multidimensionais resultantes da sua natureza de fins múltiplos.

Para isso, foram capturados tanto os impactos autónomos do EFMA, provenientes da sua construção e exploração, como os impactos catalisados, decorrentes da viabilização das atividades económicas nos principais setores beneficiários – Agrícola, Agroindustrial, Turismo e Energia –, abrangendo a sua área de influência, que inclui 23 concelhos, dos distritos de Beja, Évora, Setúbal e Portalegre.

Assinala-se que o EFMA apresenta um contributo importante para os grandes desafios e objetivos nacionais ao nível da redução sustentada do consumo de energias não renováveis e da transição para uma economia de baixo carbono, através da produção de energia hidroelétrica e solar. Além disso, apoia a modernização do setor agrícola, a criação de emprego, o turismo e a fixação de jovens agricultores, reforçando a gestão integrada de água e energia e alinhando-se com diversas estratégias nacionais.

A análise do impacto económico da atividade do EFMA, nomeadamente no que refere o impacto na Receita Fiscal, contribui para uma outra análise, de eficiência da aplicação de financiamentos públicos, através da qual se pode afirmar que à data de hoje o EFMA já garantiu um retorno financeiro (recuperação do investimento simples, i.e., não atualizado pela inflação e/ou ponderado pelo custo de oportunidade) para o Estado superior aos recursos investidos.

O estudo também aponta desafios para o futuro do EFMA, como a necessidade de equilíbrio na gestão da água, melhorias na infraestrutura para turismo e soluções para escassez de mão de obra.

» Consulte o relatório final do Estudo de Avaliação do Impacto Económico da Implementação do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva AQUI

Barragem de Pedrógão descarrega para controlar armazenamento em Alqueva

13/03/2025

A barragem de Pedrógão, localizada a 23 km a jusante da barragem de Alqueva, iniciou às 21h00 de ontem, dia 12 de março, descargas controladas devido ao aumento significativo dos caudais afluentes provenientes do rio Ardila e do turbinamento das centrais hidroelétricas de Alqueva.

A barragem de Alqueva está esta manhã à cota 151.49 m, ou seja, a cerca de 50 cm do seu nível de pleno armazenamento, o que representa um encaixe de aproximadamente 200 hm3.

Para gerir esta situação, a EDIA está a controlar os volumes armazenados através da operação das centrais hidroelétricas de Alqueva e da realização de descargas controladas em Pedrógão.

Estas descargas irão causar um aumento temporário do caudal do rio Guadiana a jusante da barragem de Pedrógão. Por este motivo, alertamos as populações ribeirinhas, pescadores, agricultores e demais utilizadores da zona para adotarem as precauções necessárias.

Nas próximas horas o caudal instantâneo libertado na Barragem de Pedrógão terá uma magnitude da ordem dos 280m3/s.

Importa referir que o tempo de trânsito dos caudais descarregados pela Barragem de Pedrógão é de cerca de 18 horas até ao Pulo do Lobo, o que significa que o tempo até se verificar um aumento do escoamento em Mértola poderá ser superior às 18 horas.

EDIA publica 10.ª edição do Anuário Agrícola de Alqueva

25/02/2025

O Anuário Agrícola de Alqueva celebra a sua décima edição com a publicação referente a 2024, reafirmando o compromisso da EDIA em fornecer informação detalhada sobre os sistemas de produção existentes e potenciais na região de Alqueva.

Com uma abordagem abrangente, o anuário sistematiza dados sobre as diferentes culturas e variedades com elevado potencial agrícola em Alqueva, analisando a sua rentabilidade económica e as tendências variáveis dos mercados nacionais e internacionais.

O documento visa apoiar agricultores, técnicos e investidores interessados no desenvolvimento de práticas agrícolas sustentáveis, contribuindo para a tomada de decisões informadas e estratégicas.

O Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), atualmente com 130 mil hectares em exploração, tem em curso uma fase de expansão que prevê a instalação de mais 25 mil hectares.

A expansão de Alqueva não só fortalece a capacidade produtiva da região, como também exige uma gestão cada vez mais eficiente e sustentável da água, essencial para a resiliência agrícola e a adaptação às condições climáticas.

A elaboração deste documento resulta da recolha de informação sobre as diferentes culturas, junto de especialistas, de produtores da região, artigos e outra bibliografia publicada e disponibilizada pelas várias entidades do setor. Foram também consultados dados e a informação disponível do Instituto Nacional Estatística (INE), do Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP) e de outras instituições ligadas ao Ministério da Agricultura e Pescas (MAP).

O Anuário Agrícola de Alqueva está disponível no site da EDIA AQUI 

Manual de Compostagem

31/01/2025

Dividido em 10 capítulos, este Manual de Compostagem apresenta, para além de conteúdos de base sobre solo e matéria orgânica, informação sobre como instalar uma unidade de compostagem, equipamentos necessários, fases do processo, problemas, causas e soluções.

O Projeto URSA – Unidades de Recirculação de Subprodutos de Alqueva, é apresentado como caso prático. Promovido pela EDIA, o projeto URSA preconiza o desenvolvimento da compostagem como técnica de valorização de materiais orgânicos provenientes de explorações agrícolas, pecuárias e/ou agroindustriais, com o objetivo de os transformar em fertilizante orgânico, promovendo assim uma economia circular, aumentando a eficiência na utilização
de recursos.

De referir que, por ano, são produzidos em Alqueva mais de 1 milhão de toneladas de subprodutos orgânicos, que podem gerar mais de 500 mil toneladas de composto, o que permitirá a incorporação de cerca de 4 toneladas por ha todos os anos, potenciando o aumento do teor de matéria orgânica no solo, aumentando o seu poder filtrador, um uso mais eficiente da água e a substituição gradual da adubação química, que resultará na redução da poluição difusa e do seu efeito na degradação dos recursos hídricos.

» Consulte o Manual de Compostagem – Uma Solução Sustentável 2023 AQUI

» Versão para impressão AQUI

Pós-Graduação em Gestão Sustentável do Setor Olivícola – Inscrições abrem a 3 de fevereiro

30/01/2025

O Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) em parceria com a EDIA, a OLIVUM e a ML Consultoria Agrícola anunciam a abertura das candidaturas, a 3 de fevereiro, para a 4.ª edição da Pós-Graduação em Gestão Sustentável do Setor Olivícola.
Esta formação destaca-se por ter sido desenvolvida com base nas necessidades identificadas pela comunidade, visando a qualificação dos profissionais para enfrentar os desafios e oportunidades atuais.

Com uma importância socioeconómica cada vez maior, tanto a nível regional como nacional, esta Pós-Graduação pretende contribuir para a atualização de conhecimentos e a aquisição de novas competências pelos técnicos do setor, tendo sempre presente a nova realidade das atividades económicas, do ambiente e da qualificação com uma abordagem responsável e sustentável.

Com três edições já concluídas e um total de 42 graduados, a pós-graduação conta com o envolvimento e participação de diversas entidades e personalidades a nível nacional e internacional, que têm contribuído para o enriquecimento pessoal e profissional dos formandos. As visitas técnicas têm sido uma mais valia, proporcionando novas experiências e contacto com outras realidades do mundo olivícola.

Os interessados poderão obter mais informações sobre a Pós-Graduação em Gestão Sustentável do Setor Olivícola AQUI

EDIA integra o LIFE SOS Pygargus para salvar o tartaranhão-caçador

27/11/2024

O projeto LIFE SOS Pygargus, que vai unir agricultores, conservacionistas, cientistas e entidades governamentais para salvar o tartaranhão-caçador (Circus pygargus) da extinção em Portugal e na parte ocidental de Espanha, foi apresentado publicamente no dia 22 de novembro de 2024, num evento que decorreu no Miniauditório de Miranda do Douro, no distrito de Bragança. Este projeto une esforços sem precedentes dos dois lados da fronteira para travar o atual declínio acentuado das populações desta ave de rapina que nidifica no solo em campos abertos e tem na produção de cereais adaptada ao seu ciclo reprodutivo uma tábua de salvação. O projeto tem um orçamento total de quase 11 milhões de euros, 75% dos quais (oito milhões de euros) financiados pelo Programa LIFE da União Europeia e será implementado no período 2024-2030.

Uma espécie migradora em risco de extinção
Esta espécie migradora, que tem um estatuto de ameaça “Em Perigo” de extinção em Portugal, passa a primavera e o verão na Península Ibéria, vinda de África, e enfrenta uma grande ameaça: a ceifa precoce de cereais e culturas forrageiras em pleno período de reprodução, que leva à destruição involuntária dos seus ninhos, ovos e crias, inviabilizando a sobrevivência de sucessivas gerações e colocando em causa a existência do tartaranhão-caçador no seu território histórico. Envolver os agricultores na sua proteção é, por isso, vital, e também benéfico para o setor, já que esta espécie elimina pragas para a agricultura, como insetos, roedores e aves de pequeno porte, prestando um importante serviço aos ecossistemas. Um casal de tartaranhão-caçador é capaz de ingerir, durante uma época reprodutora, mais de 1000 animais prejudiciais às culturas agrícolas.

Os principais objetivos do projeto
Os principais objetivos deste projeto são reduzir significativamente a mortalidade e a destruição de ninhos, com uma meta de redução de 75% na mortalidade e um aumento de 50% na população reprodutora, através de campanhas de salvamento e resgate; adaptar as práticas agrícolas ao ciclo reprodutivo do tartaranhão-caçador, promovendo o uso de variedades de cereais e forragens comercialmente vantajosas e que são mais compatíveis com as suas necessidades ecológicas, ao mesmo tempo que se incentiva o aumento da produção cerealífera no país para aumentar o habitat ideal para a espécie; e promover a consciencialização pública sobre a importância da conservação desta ave, bem como fomentar a cooperação entre Portugal e Espanha para a sua proteção na zona transfronteiriça.

José Pereira, presidente da organização não governamental de ambiente Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, entidade coordenadora do projeto, apresentou o LIFE SOS Pygargus em representação de todos os parceiros, num evento que contou com a participação de cerca de 70 pessoas e 22 entidades. Frisou a sua grande dimensão e impacto a nível transfronteiriço e nacional, com objetivos ambiciosos e multissetoriais, que visam unir duas dimensões que fazem parte de uma só: a conservação da natureza, em particular desta espécie em risco de desaparecer, e o setor agrícola, apoiando os agricultores e incentivando a produção cerealífera.

Sandra Sarmento, Diretora Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Norte, felicitou a oportunidade e relevância deste projeto, resultado de mais uma parceria transfronteiriça e multissetorial coordenada pela Palombar, reconhecendo a importância da cooperação e do envolvimento de todos na sua implementação. “Este é um projeto da maior relevância para a conservação do tartaranhão-caçador, espécie em risco de extinção em Portugal e Espanha, que tem na ceifa precoce de cereais e culturas forrageiras a maior ameaça à sua reprodução. O mérito desta ação passa, assim, pela integração e envolvimento dos agricultores e das comunidades locais na implementação de boas práticas agrícolas e no uso de variedades de cereais e forragens adaptadas às necessidades ecológicas desta espécie, assegurando, em simultâneo, a vitalidade económica e a sustentabilidade deste setor”, disse.

Helena Barril, presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, sublinhou a grandiosidade deste projeto e a sua capacidade para salvaguardar o património natural único da região, e, ao mesmo tempo, sensibilizar as comunidades locais para a importância de conservar a espécie-alvo, em benefício dos agricultores e dos ecossistemas.

Já María Jesús Palacios González, Diretora de Programas de Conservação da Junta de Extremadura, em Espanha, referiu a importância da cooperação ibérica neste projeto de larga escala para salvar uma espécie que encontra em Portugal e Espanha o seu habitat ideal e histórico de reprodução.

João Paulo Silva, biólogo e investigador no BIOPOLIS/CIBIO-InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto, destacou, por sua vez, o papel-chave da componente científica neste projeto, que permitirá desenvolver estudos e obter dados valiosos para garantir a conservação e gestão mais eficaz das populações de tartaranhão-caçador na Península Ibérica.

Bernardo Albino, da ANPOC – Associação Nacional de Produtores de Cereais, reconheceu igualmente o potencial do projeto para incentivar e impulsionar a produção de cereais no país, em especial no Planalto Mirandês, aliando a conservação do tartaranhão-caçador à produtividade e rentabilidade agrícola.
Marta Barradas, em representação do Clube de Produtores Continente – MC (Grupo Sonae), enfatizou a importância deste projeto, que será capaz de promover a conservação de uma espécie ameaçada de extinção, enquanto incentiva a produção nacional de cereais para o fabrico de pão com valor acrescentado e diferenciado para as lojas Continente, e cuja venda contribui, também, para sensibilizar os consumidores para esta causa.

Projeto implementado em áreas da Rede Natura 2000 conta com 17 parceiros
O LIFE SOS Pygargus será implementado em 49 Zonas de Proteção Especial da Rede Natura 2000 e áreas adjacentes em Portugal e no oeste de Espanha que albergam a maior parte das populações portuguesas e transfronteiriças de tartaranhão-caçador. Estas áreas são essenciais para a sobrevivência e expansão da espécie e para assegurar a conectividade da rede.

O projeto, coordenado pela Palombar, conta com 17 parceiros, dos quais 13 são entidades portuguesas e quatro são espanholas: Associação BIOPOLIS-CIBIO, AEPGA – Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino, ANPOC – Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais, CCDR-N – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva SA, ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, LPN – Liga para a Protecção da Natureza, MC Shared Services SA, Modelo Continente Hipermercados SA, SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vita Nativa – Conservação do Ambiente, AMUS – Acción por el Mundo Salvaje, Consejeria de Agricultura, Ganaderia y Desarrollo Sostenible – Junta de Extremadura, GREFA – Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat e Universidad de Murcia.

Apresentação do projeto SustainGrowth | 07 novembro | auditório EDIA

31/10/2024

O projeto SustainGrowth é uma iniciativa inovadora para implementar um sistema de certificação da produção intensiva sustentável em Portugal, adaptado às condições edafoclimáticas nacionais e alinhado com a RCM 97/2021.

Com foco nas dimensões ambiental, económica e social, o projeto visa aumentar a quota de mercado nacional de produtos agroalimentares portugueses, impulsionar o valor das exportações e atrair Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para a cadeia de valor agroalimentar.

Entre as atividades principais estão a criação do referencial para certificação, o desenvolvimento da Plataforma SustainGrowth e a análise de performance das culturas, apoiadas por uma estratégia de disseminação e comunicação ampla.

A EDIA é um dos 15 parceiros deste projeto, liderado pelo INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P., que integra, para além de entidades públicas nacionais, organizações de produtores, associações de agricultores e empresas.

A apresentação do projeto SustainGrowth – Sistema de certificação da produção nacional rumo à intensificação sustentável da agricultura, está marcada para o próximo dia 07 de novembro, às 10h00, no auditório EDIA, em Beja

» Inscrições AQUI

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Jornada de Reflexão sobre Migrantes | 30 de outubro | 09h00 | Auditório EDIA

28/10/2024

A EDIA está a promover uma Jornada de Reflexão sobre Migrantes, com o objetivo de debater os desafios e oportunidades referentes ao fenómeno da migração laboral associado à procura de mão de obra, especialmente sazonal e indiferenciada.

No início do evento irá decorrer uma sessão interativa de auscultação dos participantes, através de uma ferramenta online a aceder individualmente por telemóvel de forma anónima, que pretende identificar constrangimentos, perspetivas, experiências e soluções relacionados com a resposta às necessidades existentes de mão de obra e às implicações relacionadas com o fluxo de migrantes para as comunidades locais.

Os resultados preliminares dessa auscultação serão apresentados ao longo da sessão, motivando a reflexão, numa jornada onde se pretende fomentar um debate construtivo entre especialistas e representantes dos setores público, privado e social, que identifique soluções concretas e apresente exemplos de sucesso e boas práticas de integração de migrantes em Portugal e Espanha.

» PROGRAMA

EDIA é parceira no Projeto Germ of Life

08/10/2024

A região mediterrânea, altamente exposta às consequências das secas devido às mudanças climáticas, será o foco de atuação em zonas-piloto do projeto Germ of Live, onde as soluções desenvolvidas serão aplicadas com base em observações diretas e modelos de previsão.

A EDIA contribui com ferramentas de gestão de risco de seca e vai adotar internamente as soluções desenvolvidas. Além disso, criará uma área piloto dedicada aos Charcos Temporários Mediterrânicos, com uma estação meteorológica para monitorizar parâmetros climáticos.

Cofinanciado pelo programa Interreg Euro-MED, este projeto pretende desenvolver um sistema inovador de tecnologias digitais para melhorar a gestão preventiva dos riscos de seca.

O projeto envolve 10 entidades de 6 países euro-mediterrânicos e conta com mais de 2,3 milhões de euros de fundos europeus.

O projeto, iniciado em janeiro de 2024 com duração de 33 meses, é coordenado pela Universidade de Patras (Grécia) e tem parceiros de várias instituições europeias.

Duas reuniões presenciais já foram realizadas, em março (Sevilha) e setembro (Marselha), com a participação da EDIA.